segunda-feira, dezembro 31, 2007

Bee Movie

O último filme saído dos estúdios Dreamworks tinha um dos mais inventivos teasers que já vi. O que por si só me atiça a curiosidade.
O trailer era banal em comparação, mas não prejudicava o filme. Se juntarmos a isto o facto de ser o projecto pessoal de Jerry Seinfeld, produzido por Steven Spielberg, A História de uma Abelha era dos filmes de animação que eu aguardava com mais expectativa.
Uma abelha sai da colmeia, para conhecer o mundo real, acabando por criar amizade com uma humana, e meter-se numa série de sarilhos.
Para ser directo ao assunto posso dizer que este é o pior filme de animação computorizada que já vi. Eu perdi diversas fitas, mas nem na Dreamworks, nem na Pixar, nem na Fox, vi algo tão fraco.
Técnicamente é perfeito, claro, as texturas soberbas, visualmente fabuloso. Mas aquilo que sempre diferenciou este género, desde o primeiro Toy Story, foi a imaginação na história, personagens, situações e humor que, divertindo as crianças, tinha sempre algo para tocar os adultos.
Do ponto de vista do argumento este é dos mais fracos que já vi. Vinte trocadilhos entre "be" e "bee", situações disparatadas, personagens desinteressantes, nada ali faz muito sentido, nem nos liga pessoal ou emocionalmente a seja o que for. Passamos as duas horas de filme a pensar como terá sido possivel desperdiçar tanto talento junto e fazer algo que nos faz sair da sala com um amargo de boca, um desalento perante tudo o que o filme podia ser e nunca consegue nem de longe.
Depois de um Shrek o Terceiro abaixo do nivel dos outros dois, A História de Uma Abelha é um falhanço. Esperemos que o próximo Kung Fu Panda ponha a Dreamworks de novo no caminho certo.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Eastern Promises

Este parece ser o ano em que todos os grandes realizadores fazem um filme. Gus Van Sant, Manoel de Oliveira, os irmãos Cohen, Tim Burton, Brian de Palma, Robert Redford, Ridley Scott, Paul Thomas Anderson, Wes Anderson, Neil Jordan, Mike Nichols, Francis Ford Coppola, David Lynch, Todd Haynes, são apenas alguns dos nomes que estrearam ou vão estrear um filmes feito em 2007. David Cronenberg juntou-se à lista com um dos melhores filmes que vi este ano, Promessas Perigosas.
Sem dúvida, Promessas Perigosas é uma aposta comercial, um thriller sobre a máfia russa, que poderia facilmente descambar para uma banalidade superficial. Nas mãos de Cronenberg no entanto, transforma-se numa reflexão sobre a violência, mais um passo na temática que atravessa a carreira de Cronenberg, a transformação do corpo e "o outro em mim", a descoberta do estranho que habita dentro do meu corpo, da minha alma (curiosamente o tema do último filme de Neil Jordan).
É verdade que desde Spider, Cronenberg tem-se afastado do seu lado mais gore, mais agressivo em termos visuais, mas mesmo assim, o sublinhar violento está sempre lá - vide a cena, já antológica, da luta na sauna neste filme.
Voltando a trabalhar com um Viggo Mortensen cada vez mais maduro, cada vez mais refinado, e com Naomi Watts, Cronenberg constroi uma fita com um elenco sólido.
A não perder, Cronenberg firma-se cada vez mais como um dos grandes autores da História do Cinema.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Paranoid Park + Porca Miséria

O hábito não existe, mas há algumas raras excepções em que as longas-metragens em Portugal são antecedidas de uma curta. É mais comum com filmes de animação do mesmo estúdio das super-produções em estreia. Desta vez é uma curta de animação portuguesa a anteceder o último filme de Gus Van Sant.
Porca Miséria é uma curta de Joaquim Pinto e Nuno Leonel, conta a história de um rapazinho de rua e o seu porquinho mealheiro. Dura 4 minutos, é de uma simplicidade desarmante, terno, mas ao mesmo tempo duro e surpreendente. Em apenas 4 minutos fiquei com o coração nas mãos, com vontade do chorar. A abertura perfeita para Paranoid Park.
O último filme de Gus Van Sant é, na sua linha habitual, uma das experiências mais extremas que este realizador já fez. Um acidente sinistro marca a vida de um adolescente.
A montagem descontinuada, a ausência de uma cronologia lógica, a câmera que segue, nos habituais planos longos e fechados, os passos daquele rapaz, tudo contribui para o clima pesado, para a lenta descoberta da verdade, para o olhar perscrutador debaixo da apatia, do dia a dia, do skate, do namoro, dos amigos, no âmago da tragédia. Tragédia essa que quando se revela por fim, negra, chocante, nos deixa ainda mais desarmados.
É dos filmes mais interessantes em exibição, onde a narrativa desce para segundo plano, para dar lugar a tempos, espaços, planos e emoções.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Call Girl

Foi ontem a ante-estreia do último filme de António-Pedro Vasconcelos, Call Girl. Tendo como grande chamariz a promessa de sexo, principalmente a promessa de uma Soraia Chaves muito despida, Call Girl acaba por ficar aquém e simultâneamente além das expectativas.
Não haja dúvidas, Soraia Chaves despe-se e despe-se muito bem, quando dizem "esta é a mulher que Deus queria ter, se tivesse dinheiro", olhando para o ecrã... acredita-se, o que nem sempre é comum. Se no entanto se pretende ver cenas de sexo durante duas horas, se o sexo é o motivo para ver o filme, então a desilusão é garantida. Apesar de sensual, as cenas de cama estão limitadas às vistas no trailer.
Como filme no entanto, na verdadeira acepção da palavra, Call Girl é razoavelmente sólido. Bem construído, com diálogos inteligentes, carregados de ironia e sentido de humor (se bem com um uso exagerado de palavrões, por muito duros que sejam os policias duas em cada três palavras não precisam ser calão), António-Pedro Vasconcelos guia-nos por uma teia de intriga e sedução bem delineada. Destaque particularmente positivo para o elenco. Se Nicolau Breyner já não é supresa, faz um presidente de câmara, honesto e algo inocente, de uma forma impecável, já Soraia Chaves prova ser mais que um corpo. Aguenta bem o filme, responsabilidade dura, seduz e representa, consegue dar um passo para além do óbvio. Ivo Canelas e José Raposo são fortes como os polícias encarregues da investigação. Os quatro são suportados por um elenco de luxo. Joaquim de Almeida, Custódia Gallego, Virgilio Castelo, Raúl Solnado, Maria João Abreu, Daniela Faria e Ana Padrão, esta última com uma performance digna de registo (alguém me explica porque é que no IMDB ela não aparece na ficha técnica?).
"Nos meus filmes preocupo-me sempre que esteja mais gente do lado de cá do ecrã do que do lado de lá" disse António-Pedro Vasconcelos no final da apresentação do filme, rodeado de actores e técnicos (gesto simbólico interessante). Costuma ter. Este não creio que vá ser excepção à regra. Não é genial, não é marcante, mas como um sólido filme comercial português funciona.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Música da Semana


Foi, sem mais nem menos, num dia de verão... er... pois...
Ainda ontem era Agosto e num piscar de olhos já estamos no Natal. Para a semana estou de férias (yey!), ainda com ensaios que a estreia se aproxima e estamos a milhas de onde precisamos estar.
Para a semana não devo passar muito por aqui, portanto a música desta semana vai já, por vias das dúvidas, como a música de Natal.
Para hoje escolhi uma tirada de um dos meus filmes favoritos, The Nightmare Before Christmas, O Estranho Mundo de Jack, de Tim Burton. Uma fábula intemporal sobre o dia em que os seres da cidade do Halloween resolvem ser eles a fazer o Natal.
De Danny Elfamn, compositor brilhante que acompanha Tim Burton por todo o lado, aqui fica What's This?, quando o nosso heroi Jack Skellington descobre a cidade do Natal... Enjoy...

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Control

Anton Corbijn, fotógrafo, é um dos responsáveis por algumas das imagens mais iconográficas de diversas bandas, entre as quais se encontram os Joy Division, banda de culto da era pós-punk inglesa, que terminou quase antes de começar, com o suicídio do seu carismático vocalista Ian Curtis.
Mais de duas décadas depois, e após se ter tornado realizador de videoclips, Corbijn realiza a sua primeira longa metragem, Control, um tributo a Ian Curtis, baseado no livro da sua mulher, Debbie Curtis.
A preto-e-branco, como não poderia deixar de ser para quem conhece o trabalho do Corbijn com a banda no final da década de 70, Control começa desde logo por impressionar com o cuidado estético na construção dos planos, um olhar que se nota de fotógrafo, cuidado, atento ao pormenor, se bem que a espaços esse lado se possa sobrepor ou ofuscar aquilo que devia servir, a história e o filme.
O elenco é perfeito, Samantha Morton tem o nivel a que já nos habituou e o retrato que Sam Riley faz de Ian Curtis é uma cópia idêntica - bem como o resto da banda por sinal.
Feito com a adoração de quem esteve próximo, quer no entanto mostrar o lado mais humano, e falhado, de um ser que foi, por vezes, elevado a niveis míticos. É um bom filme, competente, interessante, gerindo bem os niveis emocionais e a relação com o público. No entanto, devo confessar, entrei com expectativas demasiado altas, por causa de tudo o que li e tudo o que me tinham dito. Sendo um esforço sólido, não é um filme extraordinário.
É, contudo, um dos filmes fortes em cartaz.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

The Golden Compass

"E Deus disse: faça-se luz. E a luz fez-se."
No início havia Tolkien. Baseado em mitos e lendas várias criou um novo mundo. Um mundo povoado de seres e lendas, histórias, passados e povos. Um mundo de culturas, de línguas, de guerras, amores e perdas. Nesse mundo ele criou aventura, seguimos o rasto dos seus habitantes por eventos, sabiamo-lo, que mudariam o destino da Humanidade. Tivemos medo, entusiasmámo-nos, chorámos e rimos. E aquele mundo nunca mais nos abandonou.
Deixou muitos seguidores. Umas cópias melhores, outras piores. Até que chegou Harry Potter. Foi um êxito colossal. Nas costas desse êxito vieram os filmes.
O Senhor dos Aneis é uma trilogia épica, marcante na História do Cinema. Os filmes Harry Potter visaram um público mais jovem, mas a milhas da excelência das histórias de Tolkien.
Se Harry Potter é um sub-O Senhor dos Aneis, A Bússula Dourada é um sub-Harry Potter ao terceiro grau.
Aventura épica (?) num mundo paralelo, onde as almas andam ao lado das pessoas e têm formas animais. Carregado de efeitos especiais que já não impressionam, são duas horas de um tanto faz que apenas dá sono. Já não há pachorra para os argumentos copiados, mastigados e cuspidos de tantos outros que os precederam. Não li os livros, mas como filme A Bussola Dourada nem sequer faz grande sentido. Óbvio, previsivel, os eventos sucedem-se sem causar o minimo de interesse, a maior parte do tempo a pergunta que nos fica na cabeça é: p'lo amor de Deus, mas qual é a ideia?
Um desperdício de dinheiro que nem Nicole Kidman consegue salvar. Um bocejo de 180 milhões de dólares...

quinta-feira, dezembro 13, 2007

A doer


Foi ontem. Finalmente ontem acabámos a marcação da peça. Hoje vai ser o primeiro ensaio corrido. Faltam 4 ensaios para a pausa do Natal. Voltamos em Janeiro, uma semana antes da estreia com ensaios diários. Agora é a doer. O texto decorado, marcações feitas, agora a peça começa a existir a sério.
Ontem voltei para casa com uma sensação que já não tinha há alguns meses, aquele abalo emocional que o Chapitô e as aulas com o Thiago me davam. Ontem foi forte, no meio do riso e da galhofa a coisa bateu-me. Pela primeira vez também, senti que finalmente acertei. Não que tivesse sido algo extraordinário, mas finalmente senti estar no sitio certo. Quando, no meio de uma cena intensa, disse as minhas duas deixas e, de repente, a sala toda gelou, senti algo incrivel. Não foi alegria, o meu personagem não dá espaço a tais veleidades, mas sentir que o efeito foi forte, que houve uma resposta... se na peça conseguirmos momentos destes, conseguimos tudo.
Tenho andado tenso, nervoso, a estreia aproxima-se, se acertamos este texto... se eu fosse capaz...

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Lions for Lambs

O título em português é infeliz, Peões em Jogo é tudo menos chamativo e não tem a força do original. Pequeno apontamento que não diminui em nada este filme de Robert Redford.

Peões em Jogo é uma reflexão sobre os eventos pós 11 de Setembro que levaram os Estados Unidos a entrar em guerra em dois países, situação da qual não parece haver uma saída a curto-prazo. Os conflitos já duram há seis anos e ameaçam arrastar-se por muitos mais.
Redford constroi três diálogos, três pontos de reflexão sobre a culpa individual de cada um, cada pessoa, independentemente do seu poder ou cargo, podia em algum momento ter feito alguma coisa, e a verdade é que a maioria não fez, aceitando as decisões que foram sendo tomadas. Políticos, media, população em geral, todos são responsabilizados pelas suas escolhas, ou pela falta delas, num filme político e extremamente bem construido.
Em que é que acreditamos? Quem somos? O que podemos fazer agora? Redford questiona-se, questiona-nos, mas não apresenta soluções, não tem uma verdade apaziguadora que nos conforte, negando ao espectador algum tipo de redenção.
Nos diálogos criados entre Streep e Cruise (jornalista e senador), entre um professor (Redford) e o seu aluno e entre dois soldados presos numa montanha no Afeganistão, dissecam-se muitas das questões morais que rodeiam o conflito armado no Iraque e Afeganistão.
É um filme forte, com interpretações à altura do desafio (Streep brilhante como sempre) e uma construção inteligente por parte de Redford.
Uma das grandes estreias da semana...

terça-feira, dezembro 11, 2007

Enchanted

Quando Shrek apareceu causou uma pequena revolução, agarrou nas convenções dos contos infantis, onde a Disney sempre foi rainha e senhora, virou-as do avesso, e serviu-as temperadas a um público ávido de ideias novas.

É claro que a subversão não foi inventada por este filme, é claro que diversos livros e filmes, mas a inventividade, o puro génio deu a este ogre verde um destaque, um sucesso nunca visto. Criou moda. De tal forma que a própria Disney se viu forçada a aderir, se bem que já com uns aninhos de atraso.

Uma História de Encantar é a tentativa da casa mãe do rato Mickey em sair um pouco dos parâmetros normais das histórias de fadas. Para tal transporta uma princesa de animação para Nova Iorque dos nossos dias, onde ela vai descobrir que os finais nem sempre são felizes.
O início é prometedor, alguns gags interessantes, e um esforço sincero de criar algo inovador. No entanto, algures no caminho, o fantasma do tio Walt deve ter poisado nos ombros dos criadores, fazendo-os virar o barco de novo a rotas conhecidas, com a boa e velha moral Disney, os finais felizes do costume, a previsibilidade desnecessária.

Como filme de familia no entanto, não chateia.

Música da Semana

Ontem à saída do ensaio, a caminho do carro, três colegas minhas cantavam Sympathique, de Pink Martini. Pensei... e porque não Pink Martini para música da semana? Em vez de Sympathique fica Amado Mio, bom dia!

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Contos em Viagem - Cabo Verde


O Meridional tem tido como uma das linhas mestras do seu trabalho a difusão, pesquisa, investigação e criação artística sobre as diversas formas de lusofonia. Seja nos hábitos e culturas locais em Portugal, como os brilhantes Por Detrás dos Montes e À Manhã, seja, como neste projecto Contos em Viagem, no trabalho realizado sobre outros países da lusofonia. Primeiro foi o Brasil, agora chega até nós Cabo Verde.

Cabo Verde é um espectáculo baseado em dezasseis textos de onze autores onde se vê, ouve e sente a vida, os sons, a alma em cru de uma terra. No palco pouco cenário, tábuas e caixas no chão, luzes penduradas, um espanta-espiritos, objectos vários espalhados. Em cena uma mulher e um homem. Ele, Fernando Mota, músico excepcional, traz sons e ambiências dos objectos comuns que o rodeia. Ela, Carla Galvão, actriz inspirada, mil personagens, força da natureza. Cria-se um diálogo, primeiro de Carla com Deus, em criolo como teria que ser, depois consigo própria, personagens, vidas dentro de si, que ela cria e mostra numa fluidez de emoções e palavras, com uma mestria, um à-vontade sem paralelo, como se fosse realmente possuída por cada um daqueles espíritos africanos que, não dúvido, deambulam pela sala. O diálogo estende-se a Fernando Mota. Músico? Actor? Ele é tão parte do espectáculo como cada palavra proferida. Pela música, sonoridade, pelo corpo e fisicalidade dos sons que cria, pela relação que cria com as outras vidas que ali se vivem. Por último o diálogo estende-se a nós, público, que rendido se entrega de braços abertos a mais uma grande noite de teatro. Disse uma vez que o Meridional era a melhor companhia de Lisboa. Volta a provar mais uma vez. E nos seus quadros tem dos melhores actores do país. Carla Galvão está sem dúvida nesse lote, cada vez mais uma figura maior dos palcos nacionais.

Não esquecer o trabalho único de selecção de textos de Natália Luiza, primoroso.
Para a encenação de Miguel Seabra uma enorme salva de palmas, sóbria, emocional, divertida, tensa, joga com as emoções do espectáculo num contínuo brilhante.

Não perder, sai de cena no próximo fim-de-semana.

Uma vénia...


Cabo Verde
Teatro Meridional

Direcção Cénica e Desenho de Luz Miguel Seabra

Selecção de Textos, Dramaturgia e Assistência Artística Natália Luíza

Interpretação: Carla Galvão (texto), Fernando Mota (música)

Espaço Cénico e Figurinos Marta Carreiras

Música Original e Espaço Sonoro Fernando Mota

Até 15 de Dezembro de 2007
Quarta, Quinta e Sexta - 22h, Sábado - 17h e 22h
Preço: 10€ (existem diversos descontos, perguntar na bilheteira)


Teatro Meridional
Rua do Açucar, 64
1950-009 Lisboa
Telefone: 218 689 245
Fax: 218 689 247
www.teatromeridional.net
teatromeridional@teatromeridional
.net

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Contos de Algibeira


Foi ontem no Frágil o lançamento destes Contos de Algibeira, uma edição Casa Verde, que reune textos de dezenas de autores portugueses e brasileiros, numa aventura conjunta de gente que nunca antes tinha trabalhado junto, nem sequer se conhecia. Tratam-se de micro-ficções, com o máximo de 500 caracteres, alguns a ocupar apenas duas ou três linhas. Pequenas histórias, normalmente carregadas de humor, pequenas reflexões do quotidiano.
Ontem, no Frágil, tivemos apenas meia dúzia de conhecidos e desconhecidos, para ouvir o Jorge Silva Melo divagar um pouco sobre esta colecção de textos. É daquelas pessoas que vale sempre a pena ouvir falar, seja sobre literatura seja sobre o que for, foi bom revê-lo e dar-lhe um abraço.
Quanto ao livro é interessante, os textos são inteligentes, surpreendentes até, para além do facto que o Alexandre Borges, nosso ilustre encenador, é um dos autores.
No final, três das actrizes d'Os Hipócritas (o meu grupo de teatro), leram de forma descontraida e informal, uma selecção de textos. Uma noite bem passada.
Contos de Algibeira. Nas lojas...

quinta-feira, dezembro 06, 2007

O tempo


Até segunda-feira ficam as marcações da peça feita. Falta um mês para a estreia, parece imenso tempo, mas na verdade com a paragem durante o Natal, sobram apenas duas semanasem Dezembro. Três ensaios por semana, duas horas por ensaio. É pouco, muito pouco... Sinto o tempo a escorrer-me por entre as mãos, felizmente tenho tido mais facilidade do que pensei em decorar texto. Não para a frente, mas o texto marcado é mais facilmente memorizado, suponho que é lógico, mas sendo esta a primeira peça a sério que faço, todas as pequenas conclusões óbvias a que chego são para mim quase que revelações...
10 de janeiro... tão perto...

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Beowulf

Robert Zemeckis depois de ter realizado o filme Polar Express, animação que utilizava uma técnica de motion capture para reproduzir os gestos e expressões dos actores em cena, com um realismo considerável, apaixonou-se por esta nova tecnologia. Avançou então para este novo projecto, baseado numa lenda britânica, um poema épico escrito há mais de mil anos. A grande inovação é a utilização do 3D, uma técnica recente que foge dos óculos tradicionais azul e vermelhos, para um efeito mais fiel e sem as habituais consequências do método anterior (dores de cabeça, etc).
Se é de técnica que se fala, então Beowulf é um filme notável, a animação é primorosa e o 3D perfeito, principalmente com a noção de profundidade que é imensa. Não saem coisas do ecrã em direcção ao público, não nos esquivamos de setas (nesse aspecto a Disney está anos à frente), mas continua a ser impressionante. Só por essa experiência merece a visita.
Como filme é fraco, uma história demasiado linear, demasiado focada nas cenas de acção, preocupada com o aspecto visual em deterimento do desenvolvimento do argumento. É uma pequena desilusão, Angelina Jolie tem mais sensualidade ao vivo de t-shirt sem maquilhagem, do que em todo o filme, como ser sedutor, irresistivel.
Monstros, dragões, batalhas, tudo se foca exclusivamente nesse ponto, onde o abuso de técnicas a lembrar Bruce Lee, ou mesmo Matrix, tornam essas mesmas sequências demasiado inacreditáveis.
Enfim, é um filme pipoca, com uma lógica de parque de diversões.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Achmed the Dead Terrorist



Thanks Puligare...

Música da Semana

Confesso que a minha relação com Arcade Fire não tem sido fácil. Quando os conheci pela primeira vez foi por mero acaso, numa Virgin, em que os pus a tocar à sorte. Não me convenceram. Quando vieram a Portugal tive diversos amigos em pulgas para os ver, e todos me disseram maravilhas do espectáculo. Dei-lhes uma segunda oportunidade. Continuaram sem me convencer. Há pouco tempo pus o Funeral a tocar no carro, um pouco por falta de alternativas. Pouco a pouco fui mudando de opinião, até chegar ao ponto de ouvir uma música em repeat. Essa canção é Rebellion (Lies), e é a minha escolha para música da semana.
Enjoy...

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Delirium


O Cirque du Soleil veio finalmente a Portugal. O espectáculo escolhido foi Delirium, show que não precisa de tenda, adaptável a salas de espectáculo normais. Erro. Delirium não é um espectáculo de Novo Circo, divaga pela dança, música e multi-média, com diversas projeções de video. Há vários problemas.Para começar o Pavilhão Atlântico deixa, na maior parte da sala, o espectador demasiado longe do palco. A sensação que dá é de estarmos a olhar para um espectáculo que é feito para outras pessoas, ao qual estamos a espreitar por uma racha num muro.Quanto ao que está em palco, não é carne nem peixe. Como concerto é desinteressante. Como circo é quase inexistente. Como bailado, monótono e como show multimédia tem pormenores interessantes, apontamentos fortes, mas nada que surpreenda, nenhuma ideia que não tenha sido explorada já desde os anos 80 em video-clips. A falta de uma linha coerente, narrativa ou não, que una os vários quadros é notória, sendo as coisas atiradas para palco sem motivo aparente. A falta de imaginação é tal que para terminar a performance cantaram o Alegria, do espectáculo homónimo do Cirque, algo que foi criado há vinte anos.Uma desilusão. Muito barulho, ruído visual e não só, num show que dá uma imagem errada do imenso potencial do Cirque Du Soleil.
Em Abril e Maio vem cá o Quidam, esse sim, a não perder.